SP-Arte/Foto/2016

Feira de Fotografia de São Paulo
[JK Iguatemi]
24 a 28 de agosto de 2016


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Paralelas e Diagonais
Projeto especial para a SP-Arte/Foto/2016
Curadoria de Isabel Amado e Iatã Cannabrava

Artistas participantes:
Ademar Manarini
Eduardo Salvatore
Gertrudes Altschul
Georges Radó
José Yalenti
Marcel Giró
Mario Fiori
Paulo Pires


clipping selecionado

Mais de 28 obras brasileiras entram para o seleto acervo de fotos do MoMA-NY

UOL
[Por Jotabê Medeiros]
2 de junho de 2016



O Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, acaba de adquirir 28 obras de fotógrafos modernos brasileiros para seu acervo, num lance ousado da curadora de fotografia do museu, Sarah Meister. Os trabalhos escolhidos são de Paulo Pires, José Yalenti, Ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Marcel Giró (que era catalão) e Gertrude Autschul. A fotografia brasileira do período se aproxima da arte moderna e tem uma relação também com a escola de design Bauhaus, alemã. Mostram São Paulo em um momento de acelerada industrialização, com ousadas composições geométricas com formas urbanas e um novo senso dramático. A aquisição é significativa: o MoMA tinha até então apenas 70 fotografias de brasileiros em seu acervo, entre elas obras de Thomaz Farkas, Geraldo de Barros, Sebastião Salgado, Valdir Cruz e Nair Benedicto.

A curadora brasileira Isabel Amado, que representa seis famílias desse grupo de fotógrafos, encontrou-se com Sarah Meister no ano passado durante exposições, e ela pediu para conhecer o acervo de Isabel. Sarah então levou os trabalhos para a apreciação do conselho do MoMA, que aprovou a compra em maio. Pelo contrato, o valor não pode ser revelado.

Sarah Meister já examinava os trabalhos desse grupo desde 2013, quando viu a mostra de Marcel Giró na Galeria Bergamin, no Rio; e a exposição Paulo, José e Ademar, na SP Arte daquele ano. A norte-americana demonstrou encantamento com o fato de que a fotografia brasileira desse segmento demonstrasse uma relação tão próxima com a americana. Ela acredita que esses trabalhos podem mesmo ajudar a redefinir a historiografia da fotografia do período - essa tese estará na mostra Photography at MoMA: 1920 to 1960, que incorporará os trabalhos recém-adquiridos dos brasileiros, no ano que vem.

Sarah destaca a linguagem experimental e a criatividade dos artistas, além o fato de que eram um grupo, e não apenas uma pessoa, desenvolvendo esse trabalho naquela época. Quase todos os artistas selecionados pelo MoMA integraram o mítico Cine Foto Clube Bandeirantes, confraria de fotógrafos de vanguarda cujo início remonta a 1939. Além dos mencionados acima, havia os nomes de German Lorca, Gaspar Gasparian, Thomaz Farkas e Geraldo de Barros. A curadora do MoMA ficou também impressionada que algo que era como um hobby para aqueles profissionais (dentistas, advogados e profissionais liberais) tivesse se convertido em uma fotografia tão potente.

“Eu acho fascinante que algumas fotos adotam uma óbvia linguagem experimental, solarização (exposição do filme por alguns momentos no processo de revelação), impressão de negativos, abstração, pontos de vistas dramáticos. Isso é maravilhoso. Mas é igualmente maravilhoso que haja nessas fotos uma linguagem que é chamada nos Estados Unidos de 'fotografia criativa', algo que opera num nível mais não convencional da linguagem humanizada, pessoas e figuras nas ruas e no ambiente urbano numa espécie de expressão criativa, que eu acho fantástico. E não é só uma pessoa que faz um tipo de coisa, e outra pessoa que faz outra. Esses grandes fotógrafos cruzaram essas fronteiras, e eu acho fascinante”, disse a curadora sobre os trabalhos.

O brasileiro Iatã Cannabrava iniciou o trabalho de resgate desse grupo, que culminou com a aquisição pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp) de 275 fotografias em regime de comodato, em 2014. Isabel Amado, que negociou os trabalhos com o MoMA por meio de sua empresa, a Anima Montagens, possui ainda mais de cem fotos desses artistas.

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Kamado

Individual de Julio Bittencourt
[Galeria da Gávea]
5 de maio a 24 de junho de 2016



Kamado


Uma exposição é como um corpo nu, com cabeça, tronco, membros, pulmão, coração e vísceras. Está tudo ali exposto, um indivíduo, não só um rosto, mas uma identidade.

E foi lá no Japão, em uma ilha abandonada pelos trabalhadores de uma fábrica desativada de carvão da Mitsubishi, que Julio Bittencourt encontrou os ingredientes para criar um novo indivíduo corpóreo, esse materializado nas fotografias que compõe a série Kamado. As imagens remetem ao sentido da sua busca pelo microcosmo que, segundo o artista, é onde estão contidas as “coisinhas para se falar de coisas grandes”, assim como a existência e o afeto. Assim também como a palavra Daidokoro, que significa lugar onde a comida é preparada em uma casa japonesa.

Se percorrermos a trajetória de Bittencourt antes de chegar até aqui, nos deparamos com as séries Prestes Maia, Cidadão e Ramos. Nessas fotografias o sujeito está sempre presente, a figura humana é central, é o elo, é o impulso para a sua criação. Em Kamado, fruto de imersões intensas em fábricas e espaços desabitados, este desejo de incluir o homem na sua fotografia se esgota e se transforma na certeza de que não há mais interesse por grandes janelas, por grandes espaços, por alvos certeiros, como antes pediam seus retratos.

Foram dois anos de pesquisa e produção dos mecanismos extremamente complexos para se chegar a Gunkanjima Island, onde a visitação e permanência são proibidas  para os cidadãos comuns. A preparação foi digna de uma “odisséia de documentos”, uma viagem por leilões de botes infláveis até encontrar o inusitado. Ali estava um edifício onde todos os micro apartamentos e os espaços dedicados as cozinhas são iguais, com a mesma área, a mesma dimensão, o mesmo cano e a mesma bancada.

E aqui também mora um paradoxo, pois foi no encontro com pessoas, com outras pessoas, que Julio se deparou com a certeza de que sua busca está no resíduo do homem, no abandono, na fuga, na decadência do capital e na fragilidade e fugacidade do que é matéria. Como a corda pendurada, a boneca, o pote, objetos que indicam a narrativa de reminiscências daqueles que viveram ali. São memórias que não lhes pertencem mais, elas compõe um novo corpo, um outro indivíduo, Kamado.

Esta série mostra a liberdade de deslocamento com que Julio faz suas investidas, transitando em apêndices que não têm fronteiras, que lhe conferem seu processo criativo, o seu fazer fotográfico, a sua práxis de organizar, de padronizar com diferenças e de nadar na piscina todo dia as seis da manhã. Não como uma disciplina militar, essa que se limita a uma lista de atividades e ações, mas sim como a necessidade visceral de colocar a espinha ereta para manter a respiração profunda e em dia, como a luz tênue que incide em cada uma das fotografias.

Me parece que a intenção é não perder o elo mais frágil, a ligação mágica com a vida, o que acontece entre o fotógrafo e o que ele observa. Aquilo que não está no alvo, mas o que se passa no espaço metafísico entre ele e o objeto.

[Texto de Isabel Amado]

Kamado
Fogão tradicional japonês alimentado por carvão

Daidokoro
Expressão em japonês que significa “lugar onde se prepara comida”



clipping selecionado


convite Kamado_Julio Bittencourt_Galeria da Gávea.jpg

Convite da exposição

Olhavê Entrevista

Org. Alexandre Belém e Georgia Quintas
[Olhavê / Tempo d’Imagem]
2016



Conversas sobre fotografia com curadores, jornalistas, fotógrafos e pesquisadores
Organização de Alexandre Belém e Georgia Quintas
Entrevistados: Adelaide Ivánova, Adriana Zehbrauskas, Alan Marques, Anderson Schneider, Armando Prado, Bob Wolfenson, Cássio Vasconcellos, Claudi Carreras, Claudio Edinger, Claudio Versiani, Clicio Barroso, Daniel Klajmic, Eder Chiodetto, Geyson Magno, Iatã Cannabrava, Isabel Amado, João Roberto Ripper, João Castilho, Juan Esteves, Milton Guran, Renato Rocha Miranda, Ricardo Corrêa, Rodrigo Braga, Rogério Reis, Rosely Nakagawa, Rui Mendes e Simonetta Persichetti
Português / 200 páginas