fotografia
O surgimento da fotografia moderna no Brasil está diretamente relacionado ao Foto Cine Clube Bandeirante em São Paulo. O movimento fotoclubista brasileiro até então tinha vínculos estreitos com o pictorialismo internacional, que tinha como diretriz principal dar uma orientação artística à fotografia, sustentada apenas em padrões estéticos originários de diferentes estilos e teorias da pintura, ou seja, elementos do academicismo, do naturalismo, do impressionismo e do simbolismo. Dessa forma, os pictorialistas buscavam negar em suas obras o realismo presente na imagem fotográfica e a natureza reprodutível da fotografia.
Na década de 1940, ocorre uma transformação no panorama da fotografia no FCCB. Os fotógrafos bandeirantes rompem com o estilo academicista do movimento pictorialista. Assim, ao se libertarem dos temas clássicos, dos dogmas e das regras formais pré-estabelecidas do pictorialismo, os fotógrafos inauguram uma nova visualidade marcada pela investigação dos próprios recursos técnicos inerentes ao meio fotográfico, influenciados pelas vanguardas modernistas européias. Os artistas dos movimentos de vanguarda como o dadaísmo, o surrealismo, o futurismo, o construtivismo e a Bauhaus percebem o enorme potencial do meio fotográfico para traduzir a mudança histórico-perceptiva, as demandas da era urbana e tecnológica.
O primeiro período do Foto Cine Clube Bandeirante ficou conhecido como a “fase dos pioneiros”. No início da década de 1940, Thomas Farkas e Geraldo de Barros realizam uma ruptura radical na linguagem fotógrafica. Direcionam o olhar para elementos mais banais e cotidianos da realidade atraídos pela possibilidade de abstração inerentes às suas formas. Sendo assim, na geometrização dos assuntos são frequentes em suas imagens, ritmos, texturas, planos e ângulos inusitados, e o uso frequente do claro e do escuro. Somando-se a isso, são realizadas intervenções diretas no processo fotográfico, por meio da múltipla exposição de uma mesma chapa ou através de recortes, superposições e desenhos executados diretamente no negativo.
Em seguida à “fase dos pioneiros”, vem a segunda geração do FCCB, conhecida como a Escola Paulista, que dá continuidade às pesquisas estéticas iniciadas pelos precursores. Os fotógrafos da “Geração de 50”, composta por Eduardo Salvatore, Marcel Giró, Roberto Yoshida, Gertrudes Altschul, Ademar Manarini, Gaspar Gasparian, Ivo Ferreira e João Bizarro Nave Filho, utilizam em suas imagens o claro/escuro, dão ênfase às linhas de força constitutivas do assunto, procuram destacar em suas composições o caráter abstrato do tema e a geometrização do objeto. O uso do fotograma faz parte da pesquisa abstracionista. Nesse momento, fotógrafo dispensa a câmera e coloca objetos sobre o papel fotográfico, expondo-os à luz , e passando-os posteriormente na revelação. O processo ocorre dentro do laboratório fotográfico.
As imagens produzidas pelos fotoclubistas da chamada “Escola Paulista de Fotografia” tem sua importância evidenciada em uma exposição seminal apresentada em uma sala especial na II Bienal Internacional de Artes de São Paulo, ocorrida entre dezembro de 1953 e fevereiro de 1954, durante as comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo.
Desde modo, podemos dizer que o desenvolvimento da fotografia moderna brasileira, mesmo que tardia, nasceu e foi fomentada dentro dos foto clubes e nos salões de fotografia criados por esses grupo de fotógrafos para divulgarem a sua produção.