Fotografia Moderna 1940-1960

Isabel Amado e Luciana Brito Galeria
[Luciana Brito Galeria]
29 de junho a 7 de setembro de 2019



A ideia de construção como metáfora da modernidade


A fotografia moderna no Brasil manifestou-se de maneira ampla e diversificada. Seja no fotojornalismo, na fotografia de arquitetura, no fotoclubismo, na produção documental, ou mesmo na moda e na publicidade, o que se observa são diferentes modos de responder a um mundo em franca transformação. Os nove fotógrafos reunidos nesta mostra – Ademar Manarini, Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul, Paulo Pires, Marcel Giró, Mario Fiori e Thomas Farkas –, estiveram, em maior ou menor grau, vinculados ao universo dos fotoclubes e tinham como propósito investigar o potencial artístico da fotografia, libertos das amarras da profissionalização.

De origens e formações distintas, sendo alguns pertencentes a famílias de imigrantes, os fotógrafos aqui representados produziram suas imagens sob o impacto do processo de modernização que reconfigurou a face visível das grandes cidades brasileiras a partir de meados da década de 1940. Em geral, intentaram fazer da fotografia uma ferramenta capaz de dar vazão a novos modos de ver e vivenciar experiências urbanas até então inéditas. Tais intenções materializaram-se por meio da fotografia direta, mas também de experimentações, tais como fotogramas, montagens e solarizações. Enquanto alguns limitaram-se a exercícios de caráter formalista, outros buscaram alargar o entendimento da fotografia para além do repertório característico do fotoclubismo e daquilo que se convencionou como sendo próprio do fotográfico.

Em que pesem as diferenças individuais entre os fotógrafos a ideia de construção parece unir todas as imagens aqui apresentadas. O verbo “construir”, como indicam os dicionários, é sinônimo de edificar, erigir e arquitetar. Tais ações se fazem presentes de diferentes modos nessas fotografias, que resultam ora de um olhar rigoroso sobre o mundo, ora de um embate criativo com a matéria por meio das manipulações. Não por acaso a fotografia e a arquitetura foram duas manifestações do modernismo que estiveram em perfeita sintonia nos anos do pós Segunda Guerra no Brasil. Construir novas formas arquitetônicas e construir uma nova linguagem fotográfica tinham em comum o mesmo ideal de construção de um país moderno, como fica evidente na foto Canteiro de obras, que Thomas Farkas produziu durante a construção de Brasília, em 1958.

Pouco mais de sessenta anos depois, esta exposição apresenta a fotografia moderna brasileira, de viés fotoclubista, em diálogo com o belo espaço projetado pelo arquiteto Rino Levi, no final da década de 1950, hoje tombado pelo patrimônio municipal e estadual de São Paulo. Se a potência desse encontro nos remete a um momento especial da história do país, nos revela também que o motivo de nosso encantamento diante dessas imagens deve- se, em grande parte, ao fato de que elas guardam em si a promessa de um futuro repleto de potencialidades. E hoje, talvez mais do que nunca, essas imagens provoquem em nós a estranha nostalgia por aquilo que não fomos capazes de nos tornar.

[Texto de Helouise Costa]



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Fotografia Moderna 1940-1960

ARTE!Brasileiros
[Agenda]
01 de agosto de 2019


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Pela primeira vez, reúne-se em um casa modernista em São Paulo – a residência Castor Delgado Perez, de Rino Levi, sede da Luciana Brito Galeria – um conjunto expressivo de fotografias de Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul, Thomaz Farkas, Ademar Manarini, Paulo Pires, Marcel Giró, Gaspar Gasparian, Eduardo Salvatore e Mario Fiori, representantes da vertente moderna da fotografia brasileira, linguagem que mudou radicalmente o conceito do que é arte no universo da fotografia e das artes visuais. Realizada em parceria com Isabel Amado, a exposição Fotografia Moderna 1940-1960 tem abertura em 29 de junho e pode ser visitada até 25 de agosto. Dado o interesse que esse período da produção fotográfica nacional tem ganhado na última década, Fotografia Moderna 1940-1960 propõe-se, com suas mais de 90 obras, a reunir fotos inéditas e outras que ainda não circularam ostensivamente e que, portanto, não são tão conhecidas do público. Com destaque para Geraldo de Barros, precursor do Concretismo no Brasil e cofundador do Grupo Ruptura, e Gertrudes Altschul, uma das poucas mulheres a ter a relevância de sua produção reconhecida neste período, a mostra espera contribuir, assim, para a ampliação do repertório visual que vem sendo construído em torno desses artistas. A fotografia moderna no Brasil aliou o desejo de inventividade e interpretação subjetiva do mundo no contexto do pós-guerra às especificidades dos movimentos de industrialização e urbanização brasileiros. Impulsionado pela fundação do Foto Cine Clube Bandeirantes, em 1939, o cenário da fotografia nacional observou uma efervescência única a partir da década de 1940, quando seus representantes se afastaram do pictorialismo academicista e abriram uma discussão sobre a essência do fazer fotográfico e sua autonomia enquanto forma artística em si e por si. São justamente os caminhos percorridos na busca por essa nova estética capaz de conferir à fotografia o estatuto de arte que podem ser vistos em Fotografia Moderna 1940-1960. Por um lado, essa investigação se deu no abandono de temas clássicos e pelo interesse pela abstração, pelo contrate entre luz e sombra, por cenários cosmopolitas e pela quebra de regras de perspectiva e composição. Em âmbito complementar, esses fotógrafos inauguraram uma visualidade marcada pela investigação dos recursos técnicos inerentes à própria mídia por meio de experiências laboratoriais e intervenções diretas no processo fotográfico como a múltipla exposição ou recortes de uma mesma chapa, a realização de fotogramas (quando os objetos eram colocados diretamente embaixo do ampliador, gerando fotografias sem a mediação de uma máquina fotográfica), superposições e desenhos executados diretamente no negativo. A fim de apresentar a autonomia do corpo de trabalho dos fotógrafos participantes – cujas obras integram o acervo de importantes instituições, como MoMA e Tate Modern – sem deixar de lado seus possíveis diálogos e pontos de contato, a expografia de Fotografia Moderna 1940-1960 divide-se em dois momentos. Enquanto a Sala Rino Levi da Luciana Brito Galeria é ocupada por ampliações vintage distribuídas de maneira tradicional, agrupadas por autor, no Anexo encontram-se as edições contemporâneas, reunidas por afinidades de assuntos, linguagens e temas. Assim, por exemplo, algumas das Fotoformas mais ilustres de Geraldo de Barros podem ser vistas ao lado de suas ampliações de desenhos sobre negativo com ponta-seca e nanquim, ou, ainda, as fachadas que beiram a abstração de Thomaz Farkas são acompanhadas não apenas por seu trabalho de interesse documental como também por experimentações surrealistas. De forma semelhante, fotogramas, estudos de composição e até naturezas-mortas vintage, além de ampliações contemporâneas de seus estudos arquitetônicos, representam a ampla gama do corpo de trabalho de Gertrudes Altschul na mostra.

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A aura, a reprodutibilidade e o vintage

ARTE!Brasileiros
[Por Tadeu Chiarelli]
24 de julho de 2019


Caixas de Luz, 1950, de Marcel Giró

Caixas de Luz, 1950, de Marcel Giró


O que diria Walter Benjamin se reaparecesse por aqui? Como reagiria frente à arte e sua reprodutibilidade depois, sobretudo, da internet e dos smartphones? Reveria sua crença na perda da aura da obra de arte diante da suposta desartização das obras produzidas com os meios tecnológicos? E quanto ao valor de culto da arte tradicional, Benjamin confirmaria que ele foi, de fato, suplantado pelo valor de exibição?

Entusiasta da propagação da arte pelos meios de reprodução, Benjamin via a fotografia e o cinema como fundamentais para a democratização da obra de arte. Reproduzida ou produzida por esses meios, ela seria finalmente despojada do prestígio ligado à sua suposta origem religiosa, possibilitando, assim, uma outra relação com o homem comum. Nesta nova situação, todos passariam a ser vistos não mais apenas como receptores, mas também como produtores possíveis.

Passadas décadas da publicação do ensaio de Benjamin, “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, filas e filas se formam para ver de perto a Mona Lisa, de da Vinci, no Louvre (cuja imagem foi e é reproduzida inúmeras vezes) – para ficarmos apenas com um único exemplo ligado às artes visuais. Hoje filmes os mais diversos são “cult”. “Cult” é também o título de uma revista dedicada ao culto da cultura e de uma plataforma do Telecine on demand; “cult” é a cantora trans, como também “aquela” fotografia “daquele” fotógrafo.

Segundo Benjamin, a obra de arte tradicional trazia com ela o valor de culto por causa da aura que dela emanava: ela era única, preciosa mas, na medida em que perdeu essas qualidades, devido aos processos de reprodução, passou a ser igual a todos os tipos de objetos, restando-lhe apenas o seu valor de exibição, ou seja, sua capacidade de estar em todos os lugares.

Qualquer fotografia, portanto, teria como base o seu valor de exibição suplantando qualquer possibilidade de possuir ou vir a possuir algum valor de culto. Afinal em sua própria condição de existência, reina sua capacidade de se reproduzir indefinidamente, certo? Não, errado. Não há dúvidas de que as câmeras digitais acopladas a celulares estão levando a proliferação da fotografia a patamares até então impensáveis. Entretanto, ao mesmo tempo em que os smartphones transformam seus proprietários em produtores compulsivos de fotografias que se espalham e se exibem rapidamente por todo o globo, existem fotografias que têm seu valor intrínseco de exibição restringido, sendo a ele sobreposto o antigo valor de culto.

Existe no mundo um conjunto de fotografias cujo valor de culto é criado por terem como característica o fato de serem vintage (foram reproduzidas na época de sua captação pelos próprios autores, elevados agora à condição de artistas e não de “meros” fotógrafos), ou por fazerem parte de uma produção post mortem, porém com um número limitado de exemplares. São essas relíquias sobreviventes de um tempo heroico qualquer – construído pela história e/ou pelo mercado –, que nos fazem peregrinar por museus e galerias a prestar-lhes homenagens, que fazem com que nos desloquemos para esses templos a fim de compartilharmos com poucos o nosso deleite frente àqueles fetiches quase únicos, praticamente únicos.

Os advérbios “quase” e “praticamente”, neste contexto, alertam para um fato na prática inquestionável: postar-se diante de uma fotografia produzida, por exemplo, em 1939, e que teve apenas alguns exemplares produzidos por aquele ou aquela que captou a imagem, é como estar frente a uma pintura. E isso porque, hoje em dia, um exemplar de, por exemplo, seis reproduções idênticas produzidas há 80 anos – num mundo saturado de imagens –, é capaz de fazer emanar uma autenticidade, uma aura de mistério e revelação (não é isso o que os objetos votivos provocam em quem os olha?), que nos embriaga de puro deleite, como se ele fosse único.

Se fitar essas imagens raras é um deleite, possuí-las, então, é um sonho de poder e gozo. E, por mais cara que possa ser uma fotografia vintage, ou de restrita edição, quase sempre ela é mais acessível do que “aquela” pintura ou “aquela” escultura que sobretudo o colecionador médio nunca irá possuir.

Essas questões surgiram a partir da visita à Fotografia Moderna 1940-1960, em cartaz na Luciana Brito Galeria, em São Paulo. A mostra possui uma particularidade: apresenta obras de alguns dos fotógrafos brasileiros modernos mais prestigiados no espaço que antes foi uma residência projetada pelo arquiteto modernista Rino Levi. Difícil melhor container para abrigar alguns vintages de Geraldo de Barros, Thomas Farkas e outros, além de obras de uma única fotógrafa, Gertrudes Altschul. O espaço concebido por Levi traz solenidade às obras, dado que renova/amplia a aura que delas emana (embora a própria aura da casa também não deixe de impregná-las).

Se a exposição se inicia com alguma tibieza, com algumas obras de Paulo Pires, dentro da cartilha do que deveria ser uma fotografia em “estilo moderno”, logo na sequência ela passa a apresentar a dimensão experimental alcançada pela fotografia do período. Se na mostra se destacam os sempre estimulantes Geraldo de Barros e Thomaz Farkas, a grata surpresa foram as fotos de Marcel Giró, um modernista cuja produção mereceria ser mais divulgada.

Se os fotógrafos presentes na mostra, cada um à sua maneira, acreditavam que a fotografia poderia ser encarada e produzida como arte ou, mais como uma das “belas artes” (em alguns casos), não resta dúvida de que conseguiram provar que tais disposições eram possíveis, quer pela obediência às normas foto-clubistas então imperantes, quer pelo rompimento das mesmas. Hoje, devidamente emolduradas e dispostas em um ambiente que as reflete e endossa, reiteram a aparente falência dos constructos teóricos de Walter Benjamin, aqui comentados, em parte solapados pelos próprios fotógrafos, pelo mercado de arte e pelo colecionismo que conseguiram transformar aquelas peças em “quase” originais – objetos de deleite e de culto.

Tanto para aqueles que não se importam com tais questões, quanto para os que as consideram fundamentais para pensar sobre o estatuto da fotografia nos dias de hoje, Fotografia Moderna 1940-1960 é uma exposição obrigatória.

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Exposição reúne nove fotógrafos históricos

O Estado de S.Paulo
[Por Antonio Gonçalves Filho]
27 de junho de 2019


Composição da alemã Gertrudes Altschul feita com escova e pente

Composição da alemã Gertrudes Altschul feita com escova e pente


A mostra Fotografia Moderna 1940-­1960, que será aberta dia 29, sábado, na Luciana Brito Galeria, traz imagens de Thomaz Farkas e Gaspar Gasparian, entre outros

A arquitetura moderna da residência Castor Delgado Perez, projeto assinado em 1958 por Rino Levi (1901-­1965), é o cenário ideal para uma mostra como Fotografia Moderna 1940-­1960, que a Luciano Brito Galeria abre neste sábado, dia 29, em parceria com Isabel Amado. Foi exatamente no período final coberto pela mostra que Brasília começava a sair do papel e João Gilberto lançava a primeira gravação da bossa-­nova (Chega de Saudade, de 1958, mesmo ano da casa de Rino Levi). Com jardins projetados por Burle Marx e sua volumetria pura, a casa era o tipo de projeto arquitetônico que os fotógrafos experimentais da época adoravam registrar – e a exposição, com quase uma centena de imagens de nove fotógrafos, tem composições geométricas que usam edifícios modernos como modelos.

Hoje presentes nos acervos de grandes instituições internacionais, como o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e a Tate Modern de Londres, esses fotógrafos, de diferentes origens, tiveram em comum um clube de profissionais liberais que faziam experiências com fotografia, o Foto Cine Clube Bandeirante, fundado em 1939. Dos exemplos marcantes que participaram dele, Gaspar Gasparian (1899­1966), Geraldo de Barros (1923-­1998) e Thomaz Farkas (1924-­2011) são imediatamente associados ao experimentalismo que caracterizou a moderna fotografia brasileira dos anos 1940 em diante.

“Na época, os fotógrafos brasileiros estavam deixando para trás a referência pictorialista para enveredar por outro caminho”, lembra a curadora Isabel Amado. Um exemplo foi Gaspar Gasparian que, nascido no fim do século 19, se tornou conhecido como o introdutor da sintaxe visual moderna da chamada Escola Paulista, grupo informal ligado à estética da arquitetura brutalista. Contemporânea de Gasparian, a alemã Gertrudes Altschul (1904-­1962), uma das raras mulheres do Foto Cine Clube Bandeirante, tinha pelos edifícios modernos o mesmo apego, dedicando-­se a explorar a temática urbana, além de, a exemplo de Gasparian, fotografar objetos cotidianos e seus reflexos.

Dos nove integrantes da exposição Fotografia Moderna 1940-­1960, três vieram da Europa fugindo do nazi-­fascismo: a berlinense Gertrudes Altschul, o catalão Marcel Giró (1913-­2011) e o húngaro Thomaz Farkas. É possível identificar nas fotos dos três elementos da vanguarda europeia (o construtivista russo Rodchenko, em particular).

A exposição Fotografia Moderna 1940-­1960, além de fotógrafos internacionalmente reconhecidos, tem imagens que ajudaram a mudar o panorama de um país que abandonava seu passado colonial e ingressava na modernidade. Há nela fotógrafos como Thomaz Farkas que, em 1949, a convite do criador do Masp, Pietro Maria Bardi, realizou a primeira exposição de fotografia do museu, introduzindo sua linguagem abstrato-­geométrica ao público. É possível pensar em Farkas como um discípulo tardio de Rodchenko, mas seria injusto não citar a influência de outros vanguardistas – e o nome do seu patrício húngaro Moholy-­Nagy é incontornável quando se vê uma foto de Farkas como o um edifício visto em contra-­plongée sintetizado numa construção gráfica.

Outro exemplo anteriormente citado é o do catalão Marcel Giró, visto nesta página num autorretrato de 1953, ano em que abriu o próprio estúdio em São Paulo, tornando-­se pioneiro da fotografia publicitária no Brasil e mestre de fotógrafos como J.R. Duran e Márcio Scavone. Igualmente inspirado pelos grandes nomes do construtivismo e da Bauhaus, como Farkas, Giró foi, a exemplo de Gasparian, um pictorialista que trocou o realismo pelas composições de caráter experimental – como seu autorretrato diante de um prédio moderno.

A vocação dos fotógrafos ligados ao Foto Cine Clube Bandeirante era determinada, em certa medida, pelo convívio com artistas de formação ou diretamente ligados ao concretismo, sendo Geraldo de Barros o exemplo imediato dessa escola, expandido as fronteiras do processo fotográfico tradicional ao intervir diretamente nos negativos. É também um dos mais caros da exposição, que tem fotografias com preços variáveis entre R$ 13 mil e R$ 200 mil.

Ligado ao movimento concreto desde seus primórdios – o grupo Ruptura, de 1953, coordenado por Waldemar Cordeiro – o fotógrafo Ademar Manarini (1920-­1989), que foi industrial, como Geraldo de Barros, designer de móveis, tinha, como todos os fotógrafos da Escola Paulista, interesse na construção geométrica ao compor suas imagens. Prova disso é sua foto reproduzida a seguir (uma passarela no largo Ana Rosa em 1950). A multiexposição seria frequente na obra de Manarini – e essa foi uma característica dos fotoclubistas da época, sendo um dos expoentes do Foto Cine Clube Bandeirante Eduardo Salvatore (1914-­2006), representado na exposição com uma foto que integra o acervo do MoMA, Os Bancos (1960).


Foto do Largo Ana Rosa feita nos anos 1950 por Manarini

Foto do Largo Ana Rosa feita nos anos 1950 por Manarini


A mostra traz ainda fotografias de Mario Fiori (1908-­1985) e Paulo Pires (1928-­2015). O primeiro, filho de imigrantes italianos, foi alfaiate e enfermeiro, antes de se integrar ao Foto Cine Clube Bandeirante em 1948. É dele uma enigmática foto conceitual, Dia de Folga, que resume seu título numa corrente. Paulo Pires, na linha de Manarini, registrou a transformação da metrópole, mas não de forma documental. Suas imagens resultam de um sofisticado trabalho de composição.

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Fotografia Moderna 1940-1960

Arte que Acontece
[Agenda]
27 de junho de 2019



Pela primeira vez, reúne-se em um casa modernista em São Paulo – a residência Castor Delgado Perez, de Rino Levi, sede da Luciana Brito Galeria – um conjunto expressivo de fotografias de Geraldo de Barros, Gertrudes Altschul, Thomaz Farkas, Ademar Manarini, Paulo Pires, Marcel Giró, Gaspar Gasparian, Eduardo Salvatore e Mario Fiori, representantes da vertente moderna da fotografia brasileira, linguagem que mudou radicalmente o conceito do que é arte no universo da fotografia e das artes visuais. Realizada em parceria com Isabel Amado, a exposição “Fotografia Moderna 1940 – 1960” propõe-se, com suas mais de 90 obras, a reunir fotos inéditas e outras que ainda não circularam ostensivamente e que, portanto, não são tão conhecidas do público.

Com destaque para Geraldo de Barros, precursor do Concretismo no Brasil e cofundador do Grupo Ruptura, e Gertrudes Altschul, uma das poucas mulheres a ter a relevância de sua produção reconhecida neste período, a mostra espera contribuir, assim, para a ampliação do repertório visual que vem sendo construído em torno desses artistas. A fotografia moderna no Brasil aliou o desejo de inventividade e interpretação subjetiva do mundo no
contexto do pós-guerra às especificidades dos movimentos de industrialização e urbanização brasileiros. Impulsionado pela fundação do Fotocineclube Bandeirantes, em 1939, o cenário da fotografia nacional observou uma efervescência única a partir da década de 1940, quando seus representantes se afastaram do pictorialismo academicista e abriram uma discussão sobre a essência do fazer fotográfico e sua autonomia enquanto forma artística em si e por si.

Fotografia Moderna 1940-1960
Abertura: 29/06/19, 12h-18h
Visitação: até 07/09/19; terça a sexta, 10h-19h; sábado, 11h-18h
Luciana Brito Galeria: Avenida Nove de Julho, 5162, São Paulo. Entrada gratuita

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