Poder e Sufocamento no MIS-SP

FHOX
[Exposições]
15 de agosto de 2017



Parte da coleção de fotografias da Fundação Marcos Amaro (FMA) ganha mostra em São Paulo

Desde que criou a Fundação que leva seu nome, em 2012, Marcos Amaro tem como objetivo levar a arte para todas as camadas da população, tanto por meio de suas produções artísticas como pelo acervo. A partir do dia 15 de agosto, parte de sua coleção de fotografias será apresentada pela primeira vez na exposição Poder e Sufocamento, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.

Para selecionar 22 das mais de cem que compõem este acervo, Isabel Amado assina a curadoria. “É importante disponibilizar o acesso a esse conjunto que representa grande parte da produção contemporânea e que faz pensar sobre uma visão humanista das cidades”, afirma.

A primeira fotografia adquirida por Amaro, Mundo Injusto, de Luiz Garrido, foi também uma das três que norteou o recorte que a curadora propõe. Junto dela uma de Carlos Vergara e outra de Pedro David, que dão título à exposição. “Queremos induzir essa reflexão: Como lidar com esses dois estados, de poder e sufocamento?”, diz ela. Formando a narrativa visual entram então os fotógrafos: Armando Prado, Bruno Veiga, Cássio Vasconcellos, Claudio Edinger, Coletivo Garapa, Iatã Cannabrava, João Farkas, Julio Bittencourt, Marcel Gautherot, Marlene Bergamo, Nelson Kon e Tuca Vieira.

Amaro começou a colecionar fotografia em 2010 com o projeto “Trecho 2.8”, que tinha por objetivo resgatar a autoestima de adultos em situação de rua por meio da arte. “Aquele olhar deslocado que denunciava total vulnerabilidade social me chamou a atenção para a força que a fotografia podia ter como instrumento político de liberdade em deflagrar a opressão”, conta o colecionador. A partir daí, conheceu os trabalhos de artistas contemporâneos que dialogavam com essa questão estética e existencial.

A fotografia da favela de Paraísopolis, de Tuca Vieira, por exemplo, coloca em primeiro plano o contraste entre duas realidades: os prédios com piscinas e quadra de tênis e a comunidade, logo à frente. Repercutida no mundo todo, nem sempre com os créditos devidos ao autor, Tuca disse: “Essa foto talvez me faça atingir o que deveria ser o grande objetivo de um artista: provocar uma reflexão sobre o mundo e não sobre a obra e seu autor”. E essa talvez seja a melhor explicação também para se colocar um acervo “para passear”. “Minha maior intenção é demonstrar a potência do acervo fotográfico deflagrando espaços que tentam oprimir e diminuir a liberdade do indivíduo”, completa Amaro.

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